Horizonte errado

É aqui, pinto meus pesadelos, derreto mesmo diante de pedras de gelo, aqui eu me encontro de um jeito que não é real, mas aqui também me perco...

Ex-detentos, garis, viciados, traficantes, flanelinhas, primos de 1° grau, caras que não tomavam banho, alcoólatras, pederastas, mendigos, esquizofrênicos, compulsivos sexuais, gays, travestis, evangélicos, judeus, sociopatas, mulçumanos, colegiais, aposentados, taxistas, peões e frentistas.
Ela não descartava nenhum, podia-se ouvir madrugada adentro gemidos insanos e gritos desesperados, tapas e insultos que aos olhos dela, podiam se transformar nas coisas mais excitantes do mundo. O cheiro de sêmen, suor e perfume barato invadiam minhas narinas como em um estupro, me fazendo repudiar ainda mais todos aqueles homens e suas ditas “necessidades” pútridas e seus desejos grotescos, me sentia presa em um circo dos horrores, observando de olhos fechados com asco a pressuposta mulher dos meus dias, metamorfoseando-se em um pesadelo noir de quinta categoria e baixo orçamento.

Obs: Qualquer semelhança com pessoas reais é “mera” coincidência.