Horizonte errado

É aqui, pinto meus pesadelos, derreto mesmo diante de pedras de gelo, aqui eu me encontro de um jeito que não é real, mas aqui também me perco...


Luisa, detestava moscas na verdade também detestava borboletas, pernilongos e qualquer coisa que possuísse asas, inclusive aviões mesmo que feitos de papel.

Luisa de meias vermelhas, sussurrava no escuro planos para roubar a barraca de churrasquinho da esquina, fugir para Colômbia e ficar rica. Luisa ouvia Emilie Autumn no último volume, usando a mesma camisa xadrez que ganhou do9 namorado se achando absolutamente cool por isso.
Luisa dividia palavras, reinos e paixões como quem pica cebolas e tomates.
Luisa espalhava (e ainda espalha) meus medos como se fossem jornais velhos, fumava meus cigarros da maneira mais inconveniente do mundo, metendo ironias tímpano abaixo e me chamando de brocha.
Luisa adorava correr, corria por qualquer coisa, um dia ela correu tanto que não voltou, deve estar correndo até agora, longe desse babaca bêbado e dessa saudade escrota.

Luisa, falar de você no passado só me dói por que você não vai estar presente no meu futuro, falar de você dói porque esse passado nem sequer existiu, talvez eu esteja ficando louco. Luisa é assim que você se chama?

O que tem pra fazer nesse fim de mundo? Além de beber, fumar e dar um jeito de arrumar mais grana? O sol forte atrapalhava a minha visão, talvez fosse a ressaca, beber duas garrafas de vodka vagabunda não tinha sido a minha ideia mais brilhante, tá, eu nunca tenho ideias muito brilhantes de qualquer forma. Álvaro tinha completado exatos 30 anos no dia anterior, talvez ele resolvesse casar, ter filhos e um emprego com carteira assinada, (duvido pra caralho disso, mais tragédias sempre podem acontecer). Peter, meu fiel escudeiro havia partido pra aventuras além-mar, o que me deixava sozinha e sem nenhuma vontade de ir na "nossa" boate predileta, mas sei bem que no fim todo mundo decente vai embora dessa merda, mas não ligo, vou me entupir de sorvete que passa.

Sempre imaginei, que isso ia acabar em pizza ou em uma coisa tipo final de "Casablanca" o avião esperando e todo mundo sem saber quem diabos ia embarcar. Pois é, não foi de um jeito nem de outro, ainda nem foi na verdade, fico pensando nisso enquanto o Campus avança veloz em direção a internet mais rápida da ilha. Peter se vai e com ele todas as cores dessa cidade vil e estúpida, o que eu posso fazer além de desejar toda a maldita sorte do mundo??


E em pensar que tudo começou com idas tímidas ao Senzala, partidas medíocres de sinuca e vinho barato durante toda a madrugada, cresceu como um gremlin jogado em piscina e viramos a dupla mais perfeita do mundo (ou quase isso) a minha vadia predileta se vai e eu estudo possibilidades para que tudo não fique tão fodido.


Goodbye my dear...

P.S: A gente se esbarra por aí Bitch!!