Horizonte errado

É aqui, pinto meus pesadelos, derreto mesmo diante de pedras de gelo, aqui eu me encontro de um jeito que não é real, mas aqui também me perco...





Enfrentar 200 milímetros de chuva, completamente ébria e saindo de uma boate gay, não é fácil, ainda mais quando o objetivo principal da aventura não se dignou a ir; o deus da minha religião que sempre aparece semi nu e servindo tequilas com um divino e implacável sorriso, estava de folga, uma noite perdida cujo altar de minha orações se corrompia ao som de outras preces e outros deuses que em absoluto não detinham a minha fé.
Minha vida de agnóstico amargo e vazio terá acabado? Pregarei em praças públicas com absoluta convicção o dom imensurável da sua beleza ou a certeza suprema do prazer contido em seus braços??

Esperem mais fins de semana para a concretização do meu recente fanatismo religioso, por conta do barmen mais lindo do mundo!!

Sim, eu te cubro com histórias que jamais existiram, te chamo de nomes que você nunca ouviu, milhões de beijos sem lábios, milhões de abraços sem braços. Acho que te devo desculpas, é acho que devo te pedir desculpas, por te inventar tão completamente e esquecer que você não é um dos personagens dos meus livros e séries, por esquecer que nosso amor eterno, só é eterno na minha cabeça criativa e boba.
E eu corro no escuro segurando a tua mão, esquecendo que na verdade estou sempre correndo sozinha, não, isso não é triste é apenas um fato, contra os fatos existem argumentos? As pessoas me cansam, porque você não me cansa também? E porque não me concede a dádiva de criar vida? Eu seria mais dedicada do que Pigmalião e você sabe que é verdade!

Será que eu não consigo viver sem dramas?

A chuva deixaria tudo mais poético, pena que não estava chovendo. Ele uma vez falou que eu poetizava as coisas, talvez seja esse o meu problema, a vida real não pode bastar? Deveria, mas isso é outra história...