Horizonte errado

É aqui, pinto meus pesadelos, derreto mesmo diante de pedras de gelo, aqui eu me encontro de um jeito que não é real, mas aqui também me perco...




Tiro a blusa devagar, jogo em direção a janela, ele ri.
Trago o cigarro com vontade, rodopiando nua pelo quarto, ele aplaude entusiasmado, jogando a camisa no ventilador sujo de poeira, aquilo era tão e tão óbvio, mas ainda sim divertido, me livro da calça jeans com habilidade, jogando a calça pela janela e sorrindo como uma lunática...
- Tem certeza?- Alvaro torna-se de súbito sério, tira o cigarro de minhas mãos e observa a fumaça com um sorriso sinistro, tiro o soutien com apenas um gesto, digo de uma vez:
- Tenho! Vai dar uma ótima matéria nos jornais, não acha? vamos ficar famosos, vamos virar deuses!
Ele explode em uma gargalhada débil.
- Não, deuses não...
Subi na cama, rodopiando sempre, peguei a garrafa de vodka e gritei com toda a força que meu pulmão ainda possuia:
- Eu te amo!
Ele tirou a calça jeans, pulou na cama, me beijando com o desespero tipico de quem já não possui tanto tempo, o envolvi com meus braços, sentindo a paixão maluca que a gente sentia, as mãos dele acariciaram gentilmente meus seios, enquanto a sua boca percorria o meu pescoço, o afastei e o encarei com toda a intensidade que conseguia reunir em um olhar apenas, Alvaro beijou minha testa, me mostrou o isqueiro, entendi o recado, tirei o galão de gasolina debaixo da cama e despejei o conteúdo pelo quarto.
Alvaro me observava gargalhando.
- Algum cara não dizia que o amor é fogo que arde sem se ver? Ele com certeza, nunca imaginária um troço desses!
- Vamos ficar juntos pra sempre, tipo Romeu e julieta! Com a diferença de que eles nunca existiram!
Esvaziei o galão, como em uma dança e me joguei na cama, estendi os braços pra ele, sorri de maneira cruel.
- Vamos querido?
Ele acendeu um cigarro, tragando apenas uma vez e o jogando em uma cadeira que prontamente ardeu em chamas, pulou em cima de mim gritando:
- Vamos!!
Enquanto o quarto se transformava em um inferno, Alvaro segurava minha mão e baixinho declamava:

-Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

1 comentários:

olha aqui, eu já li esse negoço aqui e preciso de material novo, tá ligado?

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Comenta nessa bodega, apenas se tiver compreendido, beleza?